Inscrições encerradas
Início das aulas no dia 01 de junho de 2023,
às 20h (Brasília, Buenos Aires) e às 18h (Cidade do México, Bogotá)
Duração do curso: 4 encontros
CR4 - Espinosa na análise social: início de uma exploração crítica
PROPOSTA
O objetivo deste curso é iniciar uma exploração coletiva de algumas propostas recentes que mobilizam categorias oriundas do pensamento do filósofo Baruch Espinosa para projetos de pesquisa e análise social. Conceitos como "conatus", "afeto", "potência de agir", "desejo" e "afecção" são abordados em obras de autores como Yves Citton e Frederic Lordon, que os utilizam para propor, em um caso, uma "economia dos afetos" e, no outro, uma análise do "regime afetivo" correspondente a cada etapa do modo de produção capitalista (fordismo, pós-fordismo/neoliberalismo). Durante os quatro encontros do curso, discutiremos em que pontos tais projetos rompem (ou, pelo menos, deslocam) os pressupostos e modelos de análise mais recorrentes (e canônicos) nas Ciências Sociais. Também abordaremos brevemente possíveis influências e aproximações entre a obra de Espinosa e alguns autores que circulam como referências nas disciplinas das Ciências Sociais, como Pierre Bourdieu e Gabriel Tarde. Além disso, a mobilização da filosofia de Espinosa para responder às necessidades determinadas pela construção do objeto sociológico ou sócio-antropológico pode ser a oportunidade para levantar a seguinte questão: é possível promover uma "análise dos afetos" a partir de um ponto exterior ao próprio processo de afecção? Para Espinosa, a tentativa de racionalizar aquilo que nos determina é parte de uma preocupação política. A articulação dessa preocupação aos ímpetos da ciência social, em vez de proporcionar as bases para algum acordo entre ambos projetos, parece provocar alguns estranhamentos, os quais buscaremos debater durante o curso.
A docente responsável por conduzir os encontros apresentará, a cada sessão, um resumo dos temas e problemas a serem discutidos. A leitura dos textos da bibliografia é opcional, mas todos são convidados a apresentar suas sínteses, questões e críticas sobre os assuntos em questão.
Qualquer pessoa interessada em conhecer e/ou contribuir ao debate é bem-vinda, independentemente da área ou disciplina e da etapa de formação em que se encontra.
Cronograma:
Encontro 1: Os possíveis impactos da proposta espinosista na ciência social (Frederic Lordon, Yves Citton) - 01/06/2023
Encontro 2: Influências de Espinosa nas propostas de Bourdieu e Tarde - 15/06/2023
Encontro 3: Análise e discussão dos conceitos mais utilizados (afeto, potência, conatus) - 29/06/2023
Encontro 4: Limites da articulação entre espinosismo e ciência social - 13/07/2023
Referências:
-
Frederic Lordon. La Sociedad de los afectos.
-
Frederic Lordon. Capitalismo, deseo y servidumbre.
-
Frederic Lordon. “A dádiva como ela é e não como gostaríamos que ela fosse”. Disponível em: https://maquinacrisica.org/2019/02/28/a-dadiva-como-ela-eb-e-nao-como-gostariamos-que-ela-fosse/
-
Frederic Lordon. “Totalitarismo, último estágio do capitalismo. Reflexões em diálogo com Marx e Spinoza”. https://maquinacrisica.org/2017/02/24/totalitarismo-ultimo-estagio-do-capitalismo-reflexoes-em-dialogo-com-marx-e-spinoza/
-
Yves Citton; Frederic Lordon. "Um devir espinosista das ciências sociais?" (tradução ao português será disponibilizada para os participantes)
-
Toni Negri. "Spinoza: una sociología de los afectos". In: Spinoza y nosotros (2011).
-
Toni Negri. La anomalía salvaje. Ensayo sobre poder y potencia en B. Spinoza (1993).
-
Maikel da Silveira. 2017. Capítulo 4 de “O grito populista: populismo e afeto no capitalismo tardio” https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/32513/32513.PDF
-
Juliana Mesomo. 2021. Capítulo 1 e 3 de “Onde repousa o repúdio : mobilização laboral e experimentação subjetiva em uma cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre”. Link: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/229741
-
Gilles Deleuze. "Espinoza: Filosofia Prática".
Idioma no qual serão oferecidas as aulas: português
Idiomas de comunicação dx docente: português/espanhol
Juliana
Mesomo
Nasci e me criei em Porto Alegre, sul do Brasil, onde aprendi a amar toda a América Latina. Desde 2011, meu espaço prioritário de fabulação teórica e conspiração política vem sendo o Máquina Crísica - Grupo de Estudos em Antropologia Crítica, onde pude desenvolver as razões de uma ruptura com a disciplina antropológica e suas práticas institucionais. Meus interesses reflexivos e investigativos atuais são: pesquisa política; pesquisa militante; comunismo; dinâmicas urbanas e de urbanização; lutas pela moradia e por territórios; processos de proletarização; experiências de auto-formação teórica e políticas da escrita; teorias do sujeito e da subjetivação; feminismos populares e processos emancipatórios.